O primeiro passo é ler o texto procurando captar o seu sentido original, para evitar qualquer interpretação arbitrária ou subjetiva. Não é legítimo fazer a Bíblia dizer qualquer coisa, tergiversando seu sentido real. Precisamos compreender o texto empregando todas as ajudas que tivermos à mão: uma boa tradução, as notas da Bíblia, algum comentário simples.
A meditação implica um passo a mais. Agora trata-se de acolher a
Palavra de Deus meditando-a no fundo do coração. Para isso começa-se por
repetir devagar as palavras fundamentais do texto, procurando assimilar sua
mensagem e torná-la nossa. Os antigos diziam que é necessário “mastigar” ou “ruminar”
o texto bíblico para “fazê-lo descer da cabeça ao coração”. Este momento pede
recolhimento e silêncio interior, fé em Deus que me fala, abertura dócil à sua
voz.
O terceiro passo é a oração. O leitor passa agora de uma
atitude de escuta a uma postura de resposta. Esta oração é necessária para que
se estabeleça o diálogo entre o crente e Deus. Não é preciso fazer grandes
esforços de imaginação nem inventar belos discursos. Basta perguntar-nos com
sinceridade: “Senhor, que queres dizer-me através deste texto? A que me chamas
concretamente? Que convicção queres semear em meu coração?”
Pode-se passar a um quarto momento,
que costuma ser chamado de contemplaçãoou silêncio diante de Deus. O crente descansa em Deus, calando outras vozes. É
o momento de estar diante dele, ouvindo apenas seu amor e sua misericórdia, sem
nenhuma outra preocupação ou interesse.
Por último, é necessário recordar
que a verdadeira leitura da Bíblia termina na vida concreta e que o critério
para verificar se ouvimos a Deus é nossa conversão.
Por isso, é necessário passar da “Palavra escrita” para a “Palavra vivida”. São
Nilo, venerável Pai do deserto, dizia: “Eu interpreto a Escritura com minha
vida”.
(Pagola, J.
Antonio, O Caminho aberto por Jesus,
Petrópolis, RJ: Vozes,2012, p. 160-161)
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