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terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Toma consciência, ó Cristão, da Tua Dignidade


Dos Sermões de São Leão Magno, papa
(Sermo 1 in Nativitate Domini, 1-3: PL 54, 190-193) (Sec. V)

            Hoje, amados filhos, nasceu o nosso Salvador. Alegre­mo-nos. Não pode haver tristeza no dia em que nasce a vida; uma vida que, dissipando o temor da morte, enche-nos de alegria com a promessa da eternidade.
            Ninguém está excluído da participação nesta felicidade. A causa da alegria é comum a todos, porque nosso Senhor, vencedor do pecado e da morte, não tendo encontrado ninguém isento de culpa, veio libertar a todos. Exulte o justo, porque se aproxima da vitória; rejubile o pecador, porque lhe é oferecido o perdão; reanime-se o pagão, porque é chamado à vida. 
            Quando chegou a plenitude dos tempos, fixada pelos insondáveis desígnios divinos, o Filho de Deus assumiu a natureza do homem para reconciliá-lo com o seu Criador; de modo que o demônio, autor da morte, fosse vencido pela mesma natureza que antes vencera.
            Eis por que, no nascimento do Senhor, os anjos cantam jubilosos: Glória a Deus nas alturas; e anunciam: Paz na terra aos homens de boa vontade (Lc 2,14). Eles vêem a Jerusalém celeste ser formada de todas as nações do mundo. Diante dessa obra inexprimível do amor divino, como não alegrar-se os homens, em sua pequenez, quando os anjos, em sua grandeza, assim se rejubilam?
            Amados filhos, demos graças a Deus Pai, por seu Filho, no Espírito Santo; pois, na imensa misericórdia com que nos amou, compadeceu-se de nós. E quando estávamos mortos, causa das nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo (Ef 2,5) para que fossemos nele uma nova criação, nova obra de suas mãos.
            Despojemo-nos, portanto, do velho homem com seus atos e tendo sido admitidos a participar do nascimento de Cristo, renunciemos às obras da carne.
            Toma consciência, ó cristão, da tua dignidade. E já que participas da natureza divina, não voltes aos erros de antes por um comportamento indigno de tua condição. Lembra-te de que cabeça e de que corpo és membro. Recorda-te que foste arrancado do poder das trevas e levado para a luz e de Deus.
            Pelo sacramento do batismo te tornaste templo do Espírito ­Santo. Não expulses com más ações tão grande hóspede, não recaias sob o jugo do demônio, porque o  preço de tua salvação é o sangue de Cristo.

(In Ofício das Leituras, Natal do Senhor, 25 de dezembro)

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